A ideia primordial partiu do limite, daí a necessidade de explorar o não limite , uma urgência em encontrar novas respostas, novos pensamentos como catarse ou redenção da nossa existência. Dualidade. Memórias. O corpo dos bailarinos devolve-nos o limite do humano e uma e outra vez nos fará recuar e avançar, não há espaço nem tempo, como prenunciava Borges, voz e música fazem-nos avançar e retroceder no tempo, contam-nos histórias, vão delineando ideias, sentimentos, visões, ou seja uma forma de pensamento. Tentemos materializar: este é um espetáculo sobre o limite – corpos exauridos exangues, que teimam em (sobre)viver, viver acima de – a vida é uma decisão, uma teimosia da alma sobre a carne, condenada desde o paraíso.
É um espetáculo fragmentado, estilhaçado, como o nosso olhar de hoje – em que os sentidos lutam entre si pela predominância da objetividade da realidade, começa no corpo, o corpo da bailarina, nas terminações nervosas, para lançar-se contra (em oposição, ou apenas contra o corpo, como num abraço) o corpo holográfico – imagem sonhada, desmaterializada, corpo sonhado e infindo. No fim, saberemos o que ficou do que sonhamos – em conjunto, esperemos.
Criação: Elisabete Magalhães
Intérpretes: Maria Falcão e Pedro Rocha
Desenho Luz: Virgínia Esteves
Dramaturgia: Renata Portas
Seleção musical: (Pedro Rocha) – Reynols, John Wall, Maggie Payne, Nick Cave, Terre Thaemlitz
Direção técnica: Filipe Silva
Produção executiva: Francisca Rodrigues Uma co-produção TNSJ, Festival da Fábrica MAP