Episódios que se sucedem ou se entrecruzam num trabalho que teve como tema de fundo a viagem. Em palco são criadas situações que encontram inspiração na paisagem em mudança que é o humano em deslocação. Uma paisagem recriada entre desvios, desarticulações, trajetórias organizadas ou errâncias. Em aceleração e desaceleração, em caminhadas e paragens. Na uniformização ou na diversificação. Mas subjacente a todo este lado, digamos mais formalizável, está o lado inquietante das projeções, desejos ou nostalgias que nos fazem viajar. Neste horizonte, o voo, na sua larga acepção, surge como o passo possível para chegar a um outro lugar. Não necessariamente o passo de uma dança com asas, mas de uma dança realizada por pré-figuras, sem psicologias definidas, despossuídas. São inconsequentes, são o que eu lhes chamo de "movimentantes". Reflectem um lado da condição humana e repetem-se em todos os meus trabalhos. São ficções.
DIREÇÃO E COREOGRAFIA NÉ BARROS | MÚSICA ORIGINAL ALEXANDRE SOARES | CENOGRAFIA DANIEL BLAUFUKS | DESENHO DE LUZ CARLOS ASSIS | FIGURINOS MARIA JOÃO SOPA | ELENCO ALBERTO MAGNO, ANDREA MESQUITA, CARLOS SILVA, EDGAR FERNANDES, ELISABETE MAGALHÃES, JOÃO VASCO, JOCLÉCIO AZEVEDO, SÃO CASTRO, SARA CASTANHEIRA E SÓNIA CUNHA | PRODUÇÃO BALLETEATRO COMPANHIA COM O APOIO DO TEATRO NACIONAL S. JOÃO | ESTREIA OUTUBRO DE 1999 NO RIVOLI TEATRO MUNICIPAL, PORTO